25/02/2017

Do Rock Rendez Vouz ao Bairro Alto



Raramente compro a revista Blitz. Quando saía para as bancas em formato jornal, aí sim não falhava um. Mas esta edição oferece o CD Ama Romanta 1986-1990 Uma Historia Divergente  e claro já cá canta. Já ouvi aquelas musicas milhentas vezes, mas este CD é para mim um tesouro. Era a chamada Musica Moderna Portuguesa, estávamos nos anos 80. Ouvia Pop Dell arte, Ocaso Épico, Mler Ife Dada, Essa Entente, Anamar, Telectu, Radio Macau, Croix Sainte, Sétima Legião, Herois do Mar, António Variações, Crise Total,  Sitiados, Linha Geral, Rongwrong, Ena Pá 2000, M´as Foice, Requiem pelos Vivos, K4 Quadrado Azul e outros.
 E a pouco e pouco dou por mim a relembrar aqueles tempos... lembro Madredeus, e o emotivo concerto na Aula Magna em 1987. E o Rock Rendez Vouz, sala mítica de Lisboa onde os Xutos e Pontapés deram os primeiros concertos. As actuações memoráveis dos Killing Joke, Mão Morta, Pop Dell arte, Mler Ife Dada Essa Entente...  e era normal enquanto bebíamos uma cerveja ao balcão estarmos em amena cavaqueira com os músicos que lá tocavam. Os concursos do Rock Rendez Vouz davam-nos a conhecer a excelente musica que se fazia em Portugal.   E o Bairro Alto... lembro-me dos Três Pastorinhos, do Nova, do Sudoeste, do mítico Frágil, cuja porta era autoritariamente controlada por Margarida Martins, felizmente ela simpatizava com o nosso pequeno grupo e  deixava-nos sempre entrar. Margarida Martins que mais tarde fundou a associação Abraço e hoje é Presidente da Junta de Freguesia de Arroios.  O Incógnito, na Rua Poiares de São Bento, também era ponto de paragem, sempre boa musica no gira-discos. O Arroz Doce, onde se bebia a mistela mais famosa do Bairro, mas abstenho-me de dizer aqui qual o nome. E antes de regressar a casa, passagem pelo mercado da Ribeira para beber o cacau quente... Mas o Bairro Alto também tinha vida durante o dia. Os almoços no  Pap´Açorda, os hamburgers no Gráficos, o dry martini ao fim da tarde no Targus de Hernâni Miguel. E quem se lembra das Manobras de Maio? desfiles de moda, ali na Rua do Século, onde os estilistas (ou candidatos a) mostravam as suas criações,  e toda a gente podia assistir.   Naquele tempo não havia internet, mas havia a Vogue Homme e conhecíamos as criações de Yoji Yamamoto, Rei Kawakubo, Issey Miyake, Comme des Garçons, Gaultier, Missoni, Ermenegildo Zegna etc.

E pronto paro por aqui nestas recordações. Tudo tem o seu tempo, mas um dia destes passo pelo Bairro para tirar umas fotos.

Bairro Alto
Foto: Tom Sparks (Flickr)

1 comentário:

  1. Olá, A. João!

    É muito interessante ler relatos da juventude da década em que eu tinha acabado de nascer! :)
    Apesar de não ser ainda adolescente nesses tempos, tenho alguma percepção de como era, indirectamente, pelas histórias de familiares, e em minha casa entrou muito dessa boa música que ainda hoje gosto de ouvir, mas a única banda entre todas essas que tive oportunidade de ver foi Mão Morta, que já tive o prazer de fotografar em trabalho no Coliseu do Porto, há uns anos.

    Há uns dois anos vi um documentário sobre o Rock Rendez Vous com um concerto em que o Adolfo Luxúria Canibal até se cortou, tal era a loucura! haha

    ResponderEliminar